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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crise da vez: Valdivia e o Al-Sadd

Valdivia voltou lesionado da seleção chilena e desfalcará o time pelos próximos 30 dias, segundo a previsão do departamento médico. Isso significa que Felipão não poderá contar com o jogador por pelo menos mais seis partidas. A quinta contusão do chileno desde que voltou ao clube há cerca de um ano, somada à proposta do Al-Sadd, parece ter minado de vez a paciência da diretoria e de parte da torcida.
Nas decisões de vaga contra Goiás, SCCP e Coritiba, ele esteve ausente (contra o Small Club só jogou dez minutos). Nos custou três eliminações. Sempre lesionado, tem a seu favor o argumento óbvio que ninguém se machuca porque quer. Contra si, o fato de que nenhum jogador se lesiona tanto, e isso só pode estar relacionado a seu comportamento nos processos de prevenção e recuperação. Não é problema de tendência natural do jogador, já que nas passagens anteriores, sempre esteve inteiro, ao contrário, por exemplo, de Lenny e Pedrinho, bichados durante toda a carreira.
Falar sobre Valdivia é complicado, pois é um ídolo da torcida. É inegável, é ídolo. Não se trata de compará-lo a Evair, Jorge Mendonça, Ademir da Guia, entre tantos outros. Valdivia é um jogador do século 21, e é um ídolo do século 21. As reações dos torcedores quando se fala nele atestam. Mas mesmo assim, não podemos nos furtar a cobrá-lo só por essa condição. Uma coisa não vai mudar no século, 21, nem no 22, nem no 23: ninguém é maior que o Palmeiras.
Valdivia tem tido um comportamento de pouco comprometimento no dia a dia. Sendo o maior salário do clube, é claro que isso repercute no elenco. Os mais novos, os mais velhos, os que ganham menos e os que ganham mais, todos acabam sendo influenciados. Essa atitude – ou falta dela – tem sido muito nociva ao ambiente da Academia de Futebol.
A mentalidade curta da diretoria com relação a dinheiro, mais a chegada da tal proposta do Catar, fechou o pacote explosivo. A proposta era real. Empresários buzinaram na orelha do jogador dizendo que a diretoria não o queria mais. Ele mordeu a isca e disse que então queria sair também. A diretoria recuou, dizendo que queria mantê-lo (e as razões desse vai-não-vai ainda permanecem obscuras). Ele então também voltou atrás, e disse que quer ficar.
A diretoria ficou no chove-não-molha, deixou vazar a negociação para depois recuar, e aumentou o problema. Negociou, não vendeu porque não quis, e deixou estourar a polêmica. Um jornalista irresponsavelmente deu a transação como fechada, e piorou a situação. Os torcedores se revoltaram, o jogador se expôs no maldito Twitter, e depois ainda foi à TV Bandeirantes se explicar – onde se saiu muito bem, prometeu que vai continuar tentando melhorar e corresponder às expectativas, afirmou que não sai; só não disse como vai mudar essa rotina de contusões.
Entra ano, sai ano, e o cenário é o mesmo. Jogadores muito bons chegam, não rendem o que podem, e saem chutados. Tivemos os três melhores técnicos do país na sequência, e não virou nada. A culpa é de todos. Da diretoria não proporciona um ambiente saudável na Academia de Futebol. Da comissão técnica que não consegue colocar os jogadores na linha. E dos jogadores não se esforçam o suficiente para preservar o ambiente, e agem sempre colocando seus interesses pessoais na frente dos coletivos.
No limite, o responsável é sempre o presidente. Mustafá, Della Monica, Belluzzo e Tirone. Uns mais, outros menos. Uns bem, outros mal intencionados. Uns por ação, outros por omissão. Se o ambiente de trabalho na Academia de Futebol está deteriorado, a responsabilidade é de quem comandou o clube desde a saída da Parmalat, quando tudo funcionava perfeitamente bem.
Quanto a Valdivia, ele fica até a próxima proposta. O episódio serviu para escancarar algumas facetas. Não seria ruim se ele tivesse saído. Quem entraria no lugar dele? Honestamente, ele não ocupou lugar nenhum até agora, estamos indo de Patrik, Tinga e Luan já faz mais de um ano. Mas já que vai ficar, depois de toda a pressão exercida sobre ele pela diretoria, comissão técnica e torcida, que seja para jogar bola. Que trate as lesões com seriedade e responsabilidade, e voltar a entrar em campo como peça decisiva, disputando longas sequências e ajudando a dar padrão de jogo ao time.
Ninguém nunca se esquecerá de 2008. Dos chutes no vácuo, do chororô, do tchupa bambi, enfim, de toda a alegria que ele nos proporcionou. Mas a partir do momento em que ele voltou ao clube, ganhando um alto salário, deve ser sempre cobrado, não importa seu passado. Desleixo e falta de comprometimento jamais podem ser tolerados. A gratidão fica para a aposentadoria. Nós, torcedores, queremos que ele faça tudo de novo ainda em 2011, e até 2014, quando acaba seu contrato. Queremos, e exigimos.

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